O menino e a galinhaIa completar três anos e não falava por nada nesse mundo. A mãe preocupada conversa com a comadre que aconselha, leva na benzedeira, ela é boa, resolve qualquer problema. A benzedeira manda fazer piá um pinto na boca do moleque e ele vai falar que só vendo. Assim fez, e não adiantou. O menino continuou mudo que ele só, e ainda por cima adotou o pintinho como animal de estimação. Cuidava, alimentava, embeleza o bicho até que se tornou uma galinha e ele, orgulhoso de sua cria, passeava com a penosa pra cima e pra baixo. Não desgrudava dela pra nada.
Todos na comunidade começaram a comentar, lá vem o menino e sua galinha, olha só, e não tardou para virar motivo de piada por onde passava. A mãe, envergonhada pelo filho e novamente preocupada com a situação, consultou doutores e muitos conhecedores do ofício de educar e só o que ouvia era para não se aperrear, era fase, coisa de criança, logo passaria e quando menos esperasse, o menino largaria dela.
Mas o tempo foi passando e a cada dia o apego aumentava e aumentava. De novo os conselhos da comadre trouxeram esperanças para a mãe. O natal está chegando, vou preparar uma suculenta galinhada para a ceia com ela e daí dizemos pro menino que a galinha fugiu de medo para nunca mais voltar. Na véspera do natal, o menino começa a perceber sussurros, olhares e conversinhas de canto entre a mãe e a madrinha. Intrigado e imaginando sua galinha servida numa panela na ceia de natal, agarra-se a ela com toda a força. Não se preocupe nada de mal acontecerá a você. E assim foi a noite toda, pra onde o menino ia, trazia a tiracolo a galinha e não desgrudou dela um minuto sequer, no banho, no jantar e até na hora de dormir lá foi ele pras cobertas com ela.
Na manhã seguinte, o menino acorda e logo que chega à cozinha vê a madrinha começando os preparativos da galinhada que será servida no almoço, durante a ceia de natal. A galinha, tremendo igual vara verde, cacareja sem parar, prevendo seu futuro. Fique tranquila, estou aqui e não deixarei que nada aconteça a você. Prevendo seus pensamentos, a galinha parece se acalmar, mas ainda assim olha desconfiada para a faca que a madrinha segura nas mãos. A mãe entra na cozinha, com seu vestido de missa e logo esbraveja com o menino. Ainda assim, menino, ande logo, vá lavar o rosto e se aprontar para a celebração de natal, já estamos atrasados. O menino se arruma, se penteia, coloca sua roupa da missa e pega sua galinha no colo.
Já ia saindo de casa quando sua mãe, indignada com tamanho apego ao bicho, esbraveja novamente. Onde você pensa que vai, menino?! Ande logo, deixe essa galinha aí, onde já se viu levar esse bicho pra missa. O menino sabendo que de nada adiantaria fazer birrice, o que acabaria numa boa surra, volta ao seu quarto, enrola a galinha na coberta e a esconde debaixo da cama. Pronto, agora estaria segura.
Ao voltar da missa, a primeira coisa que faz é correr até o quarto para ver como está a galinha. Procura, procura e nada. Começa a vasculhar por toda a casa, no jardim, vai até o galinheiro, anda pelo pomar e nem sinal dela. Ouve então sua mãe chamar para a ceia. Chegando na sala, vê todos sentados à mesa com olhares famintos, ansiosos para comer a famosa galinhada da comadre, que não tinha outra igual em lugar nenhum. Após a reza de costume, todos são servidos, inclusive o menino. Enquanto todos devoram a ceia, o menino fica que só olhando o prato.
Entre uma garfada e outra, todos olham para ele intrigados, esperando que perguntasse sobre sua galinha e preparados para lhe dar a resposta ensaiada. Mas ele nada falou e continuou a olhar para seu prato. Foi então, que depois de algum tempo o menino disse sua primeira palavra – Griselda! Todos ficaram surpresos, o menino tinha falado! E a madrinha para a comadre, não disse que a benzedeira era boa mesmo, resolvia qualquer problema. Desde então, o menino falou que não parou mais, era dia e noite tagarelando o tempo todo. Falava com todo mundo, com os bichos, com a televisão e até sozinho ele falava. Mas nunca mais comeu galinhada. Nunca mais mesmo!
Todos na comunidade começaram a comentar, lá vem o menino e sua galinha, olha só, e não tardou para virar motivo de piada por onde passava. A mãe, envergonhada pelo filho e novamente preocupada com a situação, consultou doutores e muitos conhecedores do ofício de educar e só o que ouvia era para não se aperrear, era fase, coisa de criança, logo passaria e quando menos esperasse, o menino largaria dela.
Mas o tempo foi passando e a cada dia o apego aumentava e aumentava. De novo os conselhos da comadre trouxeram esperanças para a mãe. O natal está chegando, vou preparar uma suculenta galinhada para a ceia com ela e daí dizemos pro menino que a galinha fugiu de medo para nunca mais voltar. Na véspera do natal, o menino começa a perceber sussurros, olhares e conversinhas de canto entre a mãe e a madrinha. Intrigado e imaginando sua galinha servida numa panela na ceia de natal, agarra-se a ela com toda a força. Não se preocupe nada de mal acontecerá a você. E assim foi a noite toda, pra onde o menino ia, trazia a tiracolo a galinha e não desgrudou dela um minuto sequer, no banho, no jantar e até na hora de dormir lá foi ele pras cobertas com ela.
Na manhã seguinte, o menino acorda e logo que chega à cozinha vê a madrinha começando os preparativos da galinhada que será servida no almoço, durante a ceia de natal. A galinha, tremendo igual vara verde, cacareja sem parar, prevendo seu futuro. Fique tranquila, estou aqui e não deixarei que nada aconteça a você. Prevendo seus pensamentos, a galinha parece se acalmar, mas ainda assim olha desconfiada para a faca que a madrinha segura nas mãos. A mãe entra na cozinha, com seu vestido de missa e logo esbraveja com o menino. Ainda assim, menino, ande logo, vá lavar o rosto e se aprontar para a celebração de natal, já estamos atrasados. O menino se arruma, se penteia, coloca sua roupa da missa e pega sua galinha no colo.
Já ia saindo de casa quando sua mãe, indignada com tamanho apego ao bicho, esbraveja novamente. Onde você pensa que vai, menino?! Ande logo, deixe essa galinha aí, onde já se viu levar esse bicho pra missa. O menino sabendo que de nada adiantaria fazer birrice, o que acabaria numa boa surra, volta ao seu quarto, enrola a galinha na coberta e a esconde debaixo da cama. Pronto, agora estaria segura.
Ao voltar da missa, a primeira coisa que faz é correr até o quarto para ver como está a galinha. Procura, procura e nada. Começa a vasculhar por toda a casa, no jardim, vai até o galinheiro, anda pelo pomar e nem sinal dela. Ouve então sua mãe chamar para a ceia. Chegando na sala, vê todos sentados à mesa com olhares famintos, ansiosos para comer a famosa galinhada da comadre, que não tinha outra igual em lugar nenhum. Após a reza de costume, todos são servidos, inclusive o menino. Enquanto todos devoram a ceia, o menino fica que só olhando o prato.
Entre uma garfada e outra, todos olham para ele intrigados, esperando que perguntasse sobre sua galinha e preparados para lhe dar a resposta ensaiada. Mas ele nada falou e continuou a olhar para seu prato. Foi então, que depois de algum tempo o menino disse sua primeira palavra – Griselda! Todos ficaram surpresos, o menino tinha falado! E a madrinha para a comadre, não disse que a benzedeira era boa mesmo, resolvia qualquer problema. Desde então, o menino falou que não parou mais, era dia e noite tagarelando o tempo todo. Falava com todo mundo, com os bichos, com a televisão e até sozinho ele falava. Mas nunca mais comeu galinhada. Nunca mais mesmo!
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